O final da década de 2010, com destaque para o período de 2015 a 2020, marcou o advento da Agricultura 4.0 no Brasil. A convergência de tecnologias digitais, conectividade, Internet das Coisas (IoT) e Big Data começou a transformar as operações no campo, elevando o nível de controle e a tomada de decisão a um patamar anteriormente inimaginável.

Até meados da década, a Agricultura de Precisão já fornecia dados, mas a sua integração e análise profunda ainda eram um desafio. Os mapas de produtividade e de solo eram analisados de forma isolada. A tomada de decisão ainda era, em grande parte, reativa, baseada em problemas já identificados a campo.

A difusão de smartphones e a melhoria relativa da conectividade rural, ainda que insuficiente, foram habilitadores cruciais. Aplicativos móveis permitiram que o produtor registrasse ocorrências, consultasse dados e monitorasse suas operações de qualquer lugar. A nuvem tornou-se o repositório central de informações da fazenda.

A comparação com o passado recente é impactante. Antes, o monitoramento da lavoura dependia de "gaterios" a pé ou de avião. Com a popularização dos drones e das imagens de satélite de alta resolução, o produtor passou a ter uma visão panorâmica e em tempo quase real da saúde da sua plantação, identificando pragas, doenças e falhas de forma precoce.

Sensores de solo e planta conectados à internet começaram a fornecer um fluxo contínuo de dados sobre umidade, temperatura e saúde fisiológica da cultura. A irrigação, antes baseada em calendários fixos, tornou-se verdadeiramente inteligente, acionada pela demanda da planta, o que gerou enormes economias de água e energia.

Plataformas de agricultura digital integraram todas essas fontes de informação. Cruzando dados históricos da fazenda, previsões meteorológicas, imagens de satélite e modelos matemáticos, essas ferramentas passaram a gerar prescrições de plantio e aplicação de insumos com uma precisão cirúrgica, além de alertas de risco para doenças.

A máquina agrícola tornou-se um nó de coleta de dados na rede. Tratores e colheitadeiras transmitem informações de desempenho, consumo de combustível e qualidade da operação em tempo real para o gestor. A manutenção tornou-se preditiva, com os próprios equipamentos alertando sobre a necessidade de serviços antes de uma quebra ocorrer.

Dessa forma, o período de 2015 a 2020 consolidou a transição da fazenda como um empreendimento analógico para uma empresa de base digital. O agricultor assumiu o papel de gestor de um sistema complexo de informações, onde a intuición foi suplementada e potencializada por algoritmos, garantindo uma nova onda de ganhos de eficiência.