A irrigação tradicional, por sistemas de aspersão convencionais ou sulcos, frequentemente operava com base em cronogramas fixos ou na aparência visual da cultura. Essa abordagem resultava em ciclos de excesso e défice hídrico, causando estresse às plantas e desperdício de um recurso cada vez mais escasso.

Antes da irrigação de precisão, era difícil quantificar a real necessidade hídrica da planta em diferentes pontos do talhão. Solos com texturas variadas (arenosos e argilosos) possuem capacidades de retenção de água distintas, mas recebiam a mesma lâmina de irrigação, levando a encharcamento em algumas áreas e seca em outras.

A instalação de sensores de umidade do solo no perfil radicular representou um avanço crucial. Esses sensores fornecem dados em tempo real sobre a disponibilidade de água para as plantas, permitindo que a irrigação seja acionada apenas quando necessária, no momento exato e na quantidade ideal.

A comparação de eficiência hídrica é notória. Sistemas antigos operavam com eficiência abaixo de 70%, com perdas significativas por evaporação e percolação profunda. Os sistemas modernos, guiados por dados de sensores e estações meteorológicas on-field, podem alcançar eficiências superiores a 90%.

A irrigação de taxa variável é o estado da arte nessa área. Sistemas de pivô central equipados com controladores individuais para cada bico podem aplicar diferentes lâminas de água em setores do círculo de irrigação, conforme mapas de prescrição baseados na capacidade de armazenamento de água do solo.

Isso significa que, em um mesmo pivô, áreas arenosas recebem mais água em intervalos menores, enquanto áreas argilosas recebem quantidades maiores em intervalos mais espaçados. A uniformidade de aplicação atinge níveis impossíveis de se obter manualmente.

O resultado é um duplo benefício: econômico, com a redução do consumo de energia e água; e agronômico, com a cultura permanecendo em condições ideais de umidade, sem estresse hídrico ou alagamento, expressando seu máximo potencial produtivo.

Portanto, a irrigação de precisão transformou a suplementação hídrica de uma arte empírica em uma ciência exata. Em um cenário de mudanças climáticas e disputa por recursos hídricos, essa tecnologia se tornou um pilar para a segurança alimentar e a sustentabilidade da agricultura irrigada.