A fertilização do solo na agricultura convencional era baseada em amostragens compostas. Amostras de solo de diversas partes de um talhão eram misturadas para criar uma única amostra representativa, sobre a qual se recomendava uma adubação uniforme.
Esse método mascarava a variabilidade existente no talhão. Áreas com deficiência de um nutriente eram diluídas por áreas com teores adequados, resultando em uma recomendação mediana que não atendia plenamente a nenhum dos extremos. Solos ácidos e alcalinos coexistiam no mesmo talhão, mas recebiam a mesma dose de corretivo.
A amostragem georreferenciada de solo foi o primeiro passo para mudar esse paradigma. Em vez de uma amostra composta, o talhão é dividido em uma malha de pontos georreferenciados, onde amostras são coletadas individualmente e analisadas separadamente.
A comparação dos resultados é elucidativa. Onde antes se via um talhão homogêneo, os mapas de fertilidade revelam um mosaico de diferentes teores de nutrientes e pH. Essa visão detalhada permitiu substituir a aplicação uniforme de corretivos e fertilizantes pela aplicação em taxa variável.
A calagem, por exemplo, tornou-se uma operação de altíssima precisão. Com um mapa de acidez do solo (pH), a distribuidora de calcário aplica quantidades variáveis para elevar o pH de cada ponto ao nível ideal, ao invés de espalhar uma dose média que seria insuficiente em alguns locais e excessiva em outros.
O mesmo princípio aplica-se à adubação. Mapas de teores de fósforo, potássio e outros macronutrientes guiam as distribuidoras para suprir exatamente a deficiência de cada zona. Áreas pobres recebem mais nutrientes, enquanto áreas já férteis recebem doses de manutenção, otimizando o investimento em fertilizantes.
Os benefícios são duradouros. Com o passar dos anos, a fertilidade do solo tende a se homogenizar em níveis elevados, pois as disparidades são corrigidas de forma contínua e precisa. A produtividade se estabiliza e os custos com insumos são significativamente reduzidos.
Desta forma, a nutrição de precisão permitiu tratar o solo não como um meio inerte, mas como um sistema vivo e heterogêneo. A capacidade de manejar essa variabilidade elevou a eficiência agronômica a patamares inatingíveis pelo método convencional, promovendo uma fertilidade equilibrada e sustentável.
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