A década de 2010 a 2020 testemunhou a ascensão da sustentabilidade de um tema periférico para um pilar central da estratégia do agronegócio brasileiro. Pressões de mercados consumidores, a crescente conscientização global sobre mudanças climáticas e a própria necessidade de preservar os recursos produtivos tornaram as práticas sustentáveis uma questão de sobrevivência comercial.
No início da década, o discurso ambiental era frequentemente visto como uma barreira ao crescimento, uma exigência externa que onerava o produtor. No entanto, rapidamente percebeu-se que a adoção de boas práticas não era um custo, mas um investimento que agregava valor e abria mercados. A sustentabilidade tornou-se um ativo.
A comparação entre as práticas do passado e as do presente é evidente. O plantio direto, consolidado no Brasil, deixou de ser visto apenas como uma técnica de conservação do solo para ser reconhecido como uma poderosa ferramenta de sequestro de carbono. A integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ganhou escala, transformando sistemas produtivos em ambientes mais resilientes e diversificados.
A rastreabilidade tornou-se uma demanda concreta dos mercados mais exigentes, especialmente para a carne bovina. Sistemas de monitoramento via satélite permitiram comprovar a origem do gado e garantir que não procedia de áreas de desmatamento ilegal. O produtor que não se adequasse perdia acesso a mercados premium e a linhas de crédito.
A ciência permitiu quantificar os benefícios. Estudos demonstraram que propriedades com ILPF sequestram mais carbono, têm solos mais saudáveis e são mais resilientes a eventos climáticos extremos. A produtividade animal e vegetal em sistemas integrados mostrou-se superior à dos sistemas convencionais separados, gerando mais renda por hectare.
A tecnologia foi uma grande aliada. A Moratória da Soja, um pacto setorial, e o monitoramento do CAR (Cadastro Ambiental Rural) pelo governo, permitiram um controle sem precedentes sobre a cadeia produtiva. O produtor brasileiro aprendeu a produzir e conservar simultaneamente, tornando-se um case global de sucesso.
Ao final do período, a narrativa internacional sobre a agricultura brasileira começou a mudar. De vilã ambiental, passou a ser reconhecida como parte da solução para a segurança alimentar global com sustentabilidade. A imagem do agro brasileiro tornou-se indissociável de sua capacidade de produzir com baixa emissão de carbono e preservando a vegetação nativa.
Portanto, a década de 2010-2020 foi a da maturidade. O setor compreendeu que sua licença social para operar dependia de sua performance socioambiental. A sustentabilidade deixou de ser um slogan para se tornar uma métrica de gestão, um diferencial de mercado e um legado para as futuras gerações.
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